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sábado, 28 de abril de 2012

Festival Carreirinho

Olá amigo Tião Camargo;

Sou fã e estudioso da musica sertaneja raiz. Carreirinho gravou uma moda , A morte do Carreiro¨, que era meu avô e morava no municipio de Bofete, e morreu quando uma tora escapou e o prensou no barranco. Tal tora de madeira ficou muitos anos no nosso sítio, como lembrança do acontecido, até se deteriorar pelo tempo.

Parabens pelo seu trabalho, o Brasil precisa de pessoas como voce, que defende a bandeira de nossa musica sertaneja. Continue sempre assim.

Quanto ao 4º. Festival Carreirinho de Bofete, sobre as fotos de inauguração do museu Carreirinho, a segunda foto trata- se Maria José Eburneo, sobrinha do Carreirinho, ao lado de Carreiro e do prefeito de Bofete.

Na foto seguinte aparece a Juliana, (moça de brinco) que é sobrinha neta do Carreirinho, e a de camisa listrada é Dometilde (tambem nome da mãe do Carreirinho) sobrinha do Carreirinho.

Abraços.
A. Adão Vieira

Obrigado, Adão! Já colocamos os nomes nas fotos.

Tão Camargo

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Michelle e Karoline, Vencedoras do Festival Carreirinho 2012

Festival Carreirinho 2012

Recebemos diversos emails de pessoas tentando identificar os dois da foto acima. Trata-se de Parentinho da grande e saudosa dupla Tião Brasil e Parentinho, atualmente Peão Brasil e Parentinho. O outro é o Carreiro, que também já o Tião do Gado da dupla Rei da Mata e Tião do Gado; foi o último parceiro do Carreirinho e atualmente canta com o Pardinho Filho.

DSC01750Maria José Eburneo, sobrinha do Carreirinho, Carreiro e o Prefeito de Bofete, Claudécio José Eburmeo, no descerramento da Fita de Inauguração do Museu Carreirinho.

DSC01759 Parentinho e Tião Camargo

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Juliana. sobrinha neta do Carreirinho, a mulher de blusa listrada é Dometilde (Nome da Mâe do Carreirinho) mais uma sobrinha do Carreirinho; no fundo de camisa preta listrada é o Prefeito de Bofete, de blusa cinza é Dona Lucilia, esposa do Pardinho, Parentinho e o Deputado Marcos Martins.

DSC01744 Pardinho Filho e Carreiro, interpretando a Moda de Viola “Ferreirinha” na inauguração do Museu Carreirinho.

Festival Carreirinho

O Festival Carreirinho 2012, realizado no último final de semana foi um grande sucesso. Parabéns aos organizadores Chico Almeida e Sergião, ao Prefeito Claudécio José Ebúrmeo, ao Secretário de Cultura José Luiz Antonio Ramos, ao Diretor de Turismo José Antonio Nicola e todos que direta ou indiretamente colaboraram com esse importantíssimo evento para preservação memória e da Cultura Caipira.

Fizemos alguma gravações e fotos do Festival e de outros lugares pelo caminho e, assim que possível, estaremos postando aqui no blog. Por enquanto, deixamos aqui uma foto de um flagrante que fizemos em Bofete no domingo, logo pela manhã, aos nossos visitantes: quem são os dois na foto abaixo?. A dica é que são dois grandes violeiros.

Foto: Tião Camargo

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Carreteiro e Carreirense, representantes do Projeto “Acordes de Viola” do Clube da Viola de Bauru, do Projeto “Ponto de Cultura” do Ministério da Cultura e da Secretaria de Cultura de Bauru,  na apresentação de classificação no sábado, 21/04 e no almoço de domingo.

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DSC01773 Michelle e Karoline vencedoras do Festival com Jota Camargo.

 Classificação Final

  1. MICHELE E KAROLINE - Botucatu (SP)
  2. CELIO E NANDO - Jaú (SP)
  3. CASSIANO E DIQUINHO - Cassia (MG)
  4. JOÃO LUCAS E BRUNO - Pirassununga (SP)
  5. ANDREI E ANSELMO - Ararica (RS)
  6. ANGELO E LEO - Mococa (SP)
  7. IRMÃOS CAIPIRA - Cabralia Paulista (SP)
  8. PARANA E PIAZINHO - Pouso Alegre (MG)
  9. JOÃO ROBERTO E CLAUDINHO - Agudos (SP)
  10. BRUNO VIOLA E J. SILVA - Itapeva (SP)
  11. HORACIO E ZÉ MINEIRO - Pardinho (SP)
  12. DENIS E DANILO - Ilha Solteira (SP)
  13. CARRETEIRO E CARRERENSE - Bauru (SP)
  14. JULIO CESAR E GEOVANE - Itapeva (SP)
  15. ISAC E ISAIAS - Osasco (SP)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Apresentações do Clube da Viola

A apresentação da Catira e da Dupla Mirassol e Monterrey, será no domingos mesmo, mas mudou para o Museu Ferroviário, no mesmo horário, às 10h30. na quadra 01 da Rua Primeiro de Agosto.Banner horizontal

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Apresentações do Clube da Viola de Bauru

O Clube da Viola de Bauru, levará o Projeto “Acordes de Viola”, neste final de semana, no domingo, às 11h00, no pátio do Museu da Cultura, com com apresentações do Grupo da Catira e da dupla Mirassol e Monterrey, na Festa de Comemoração do Dia do Ferroviário.

Dia 30/04, às 10H30, na Praça Rui Barbosa, com o Grupo da Catira e o Duo Zanilo e Zanete, na Festa de Comemoração ao Dia do Trabalhador.

Dia 1º de Maio, às 10h30, com apresentação de Tião Camargo e Jota Camargo, Maria Ferreira e João Ferreira, na Festa de Comemoração ao Dia do Trabalhador.

Todos essas apresentações fazem parte do Projeto “Ponto de Cultura” da Prefeitura Municipal de Bauru.

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Dia do Trabalho, ou dia do Trabalhador?

No dia 1.º de Maio, homenageia-se quem? O trabalho ou o trabalhador? Há uma tradição entre nós de homenagear a figura do profissional: Dia do Médico, Dia do Professor, portanto é indiscutível que devia ser Dia do Trabalhador, ou seja, o operário em geral.

Como naquele 1.º de maio de 1886 houve um conflito de classe em Chicago, os segmentos mais conservadores tentam descaracterizar a data até hoje, dizendo que é Dia do Trabalho, porque todos trabalham, assim mascara-se o conflito de classe.

Cada palavra tem a sua carga ideológica. “Operário” é uma palavra antiga, parece coisa de comunista; trabalhador, de petista; empregado, como em “os meus empregados”, linguagem de patrão. E há patrões que suavizam a relação capital e trabalho chamando seus operários de colaboradores.

Na verdade, quando os sindicatos eram mais fortes e o marxismo estava mais em moda, no 1.º de Maio eram feitas grandes manifestações operárias, quando as lutas da classe trabalhadora eram expostas.

Há muito tempo no Brasil, apesar de ter um ex-operário na presidência, a data virou feriadão, quando há shows, sorteios e campeonatos, tornando-se mais uma festa de confraternização do que de luta operária. Até o prêmio de “Operário Padrão” desapareceu.

Naquele 1.º de maio, nos Estados Unidos, 200 mil trabalhadores, organizados pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, resolveram entrar em greve na cidade de Chicago por diminuição da jornada de trabalho. A polícia travou violento choque com os grevistas, causando a morte de muitos deles e prendendo oito de seus principais líderes.

No Brasil, com Getúlio Vargas, que governou o Brasil como chefe revolucionário e ditador por 15 anos e depois como presidente eleito, o 1º de maio ganhou status de “dia oficial”. Era nessa data que o governante anunciava as principais leis e iniciativas que atendiam às reivindicações dos trabalhadores, como a instituição e, depois, o reajuste anual do salário mínimo.

Vargas criou o Ministério do Trabalho, promoveu uma política de atrelamento dos sindicatos ao Estado, regulamentou o trabalho da mulher e do menor, promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo o direito a férias e aposentadoria.

Independente de questões ideológicas, Dia do Trabalhador é a nomenclatura mais condizente com nossa tradição, pois temos o costume de homenagear as pessoas, cada profissional tem o seu dia. Não há Dia da Medicina, Dia do Magistério...

www.portaldascuriosidades.com

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Clube da Viola no Festival Carreirinho

O Clube da Viola de Bauru participará neste final de semana, sábado e domingo, do Festival Carreirinho na Cidade de Bofete com as participações de Tião Camargo e Jota Camargo como membros da Comissão Julgadora e a dupla Carreteiro e Carreirense se apresentando entre os 35 concorrentes do Festival.

Carreteiro e Carreirense

Estaremos representado a Prefeitura Municipal de Bauru e o Ministério da Cultura através do “Ponto de Cultura”.

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O Festival acontece durante as festividades de aniversário de Bofete e homenageia e inaugura o Museu Carreirinho “Adalto Ezequiel” um dos maiores nomes dentro da história da Música Caipira, nascido na Cidade em 15 de outubro de 1921 e falecido em São Paulo em 27 de março de 2009.

Carreirinho formou ao lado de Lúcio Rodrigues de Souza, o Zé Carreiro, nascido em 1923 na Cidade de Santa Rita do Passa Quatro e falecido em São Paulo em 21 de maio de 1970, uma das maiores duplas sertanejas de todos os tempo, a dupla Zé Carreiro e carreirinho. Na minha modesta opinião, como admirador e pesquisador, a dupla Zé carreiro e Carreirinho foi a melhor dupla dos 50. O Zé Carreiro morreu em 1970, mas teve que abandonar a carreira artística em 1960 por problemas nas cordas vocais. Portanto, a dupla durou apenas 10 anos.

dupla

Biografia completa AQUI no blog, num belo trabalho da nossa parceira Sandra Cristina do site Recanto Caipira.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ana Rosa - Memórias Botucatuense

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Foto: Tião Camargo
História de Ana Rosa

Ana Rosa

Carreirinho e Tião Carreiro

Ana Rosa casou com Chicuta uma caipira bastante atrasado
Levava a vida de carreiro fazendo transporte era o seu ordenado
Tinha um ciúme doentio pela moça que dava pena do coitado
Batia na pobre mulher com a vara de ferrão de bater no gado, ai.

Resolveu abandonar o marido porque a vida já não resistia
Quando chegou em Botucatu aquela cidade toda dormia
Só encontrou uma porta aberta mas ali não entrava família
Resolveu contar sua história e se abrigar até no outro dia.

O Chicuta quando chegou em casa Ana Rosa não encontrou
Ele arreou sua besta e como uma fera a galope tocou
Na chegada de Botucatu pra um caboclo ele perguntou
Seu moço essa mulher lá nas fortunata vi quando ela entrou, ai.

Num barzinho ali da saída sem destino resolveu chegar
Encontrou com um tal Menegildo e com o Costinha pegou conversar
Vocês querem pegar uma empreitada só se for pra não trabalhar
Pra matar a minha mulher minha proposta vai lhe agradar, ai.

O Costinha montou a cavalo e tocou lá pra fortunata
Conversando com Ana Rosa disse que era um tropeiro da zona da mata
Meu patrão lhe mandou uma proposta diz que leva e nunca lhe maltrata
Seu marido anda a sua procura jurou que encontrando ele te mata.

Ana rosa montou na garupa e o cavalo saiu galopeando
Quando chegou no lava-pé aonde os bandidos já estavam esperando
Quando ela avistou seu marido para todo santo foi chamando
Vou perder minha vida inocente partirei com Deus deste mundo tirano, ai.

Derrubaram ela da garupa já fazendo cruel judiação
Foi cortando ela aos pedaços uma preta assistindo a cruel judiação
Foi correr dar parte a autoridade já fizeram imediata prisão
Hoje lá construíram uma igreja tem feito milagre pra muitos cristãos, ai

Ana Rosa com Tião carreiro e Pardinho

Postagem sugerida pelo meu amigo violeiro Ramiro Viola de Botucatu

Mais sobre Ana Rosa…

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Semifinal do Festival Carreirinho

Duplas classificadas para a semifinal do Festival Carreiro de Bofete dia 21/04/2012

Ordem alfabética:

01 Adriano e Raphael
Bofete (SP)

02 Andrei e Anselmo
Araricá (RS)

03 Angelo e Léo
Mococa (SP)

04 Billy & Benne
Botucatu (SP)

05 Bruno Viola e J. Silva
Itapeva (SP)

06 Campo Silva e Centenário
Osasco (SP)

07 Carlos Leite e Daniel
Poços de Calda (MG)

08 Carlos Novaes & Celina Paixão
São Caetano do Sul (SP)

09 Carreteiro e Carrerense
Bauru (SP)

10 Cassiano e Diquinho
Cássia (MG)

11 Celio e Nando
Jaú (SP)

12 Cravo Chita e Flor da Mata
Sorocaba (SP)

13 Denis e Danilo
Ilha Solteira (SP)

14 Eraldo Santana & Marcelo Violeiro
Capão Bonito (SP)

15 Horácio & Zé Mineiro
Pardinho (SP)

16 Irmãos Caipira
Cabrália Paulista (SP)

17 Isac e Isaias
Osasco (SP)

18 João Lucas e Brunno
Pirassununga (SP)

19 João Moreno & Silvinho
Pindamonhagaba (SP)

20 João Pedro e Adriano
São José do Rio Preto (SP)

21 João Roberto e Claudinho
Agudos (SP)

22 Julio Cesar e Geovane
Itapeva (SP)

23 Léo Mineiro & Júnior Goiano
Itumbiara (GO)

24 Loirinho e Rey Duvalle
Guarulhos (SP)

25 Mauricio e Maria Helena
Torrinha (SP)

26 Michelle & Karoline
Botucatu (SP)

27 Paraná & Piazinho
Pouso Alegre (MG)

28 Paulo Sousa e Beto Maia
Elói Mendes (MG)

29 Roberto Lima e Antonio Luiz
Bofete (SP)

30 Siqueira & Florestal
Itumbiara (GO)

31 Tiago Violeiro e Diamantino
Votorantim (SP)

32 Valmir e Vilmar
São Carlos (SP)

33 Zé Martins e Bene
Itapetininga (SP)

34 Ze Moreno & Renato
Araras (SP)

35 Zé Murilo e Cid Martins
Indaiatuba (SP)

Piraci

Piraci (Miguel Lopes Rodrigues)
piraci MIGUEL LOPES RODRIGUES
* Piracicaba, São Paulo, 1917 - † Caieiras, São Paulo, 1974

Filho de Francisco Lopes Rodrigues e de Encarnación Puga Rodrigues, o compositor Miguel Lopes Rodrigues, caboclo dos Marins, bairro da cidade paulista de Piracicaba, iniciou sua carreira artística em 1937, quando formou com o irmão Santiago Lopes sua primeira dupla sertaneja, os Irmãos Piracicabanos.

Durante os quatro anos em que Miguel e Santiago trabalharam juntos a dupla se apresentou em inúmeros shows, que incluíam 'causos', humorismo e alguma música caipira. Por sugestão de Oduvaldo Viana, Miguel associou-se então a Palmeira, fazendo surgir em 1941, na Rádio Difusora de São Paulo, a dupla caipira mais importante da década seguinte: Palmeira e Piracicabano, que em 2002 completou 60 anos de criação.

Com o imediato sucesso que obteve em todo o interior e na capital do Estadode São Paulo, por influência de Serrinha (Antenor Serra) e do Capitão Furtado, a nova dupla partiu para o Rio de Janeiro para gravar seu primeiro disco. Seu primeiro LP - composto por dez faixas musicais, entre as quais Mulheres Célebres (Capitão Furtado e ítalo Izzo) e Carro de Boi (Capitão Furtado e Orlando Puzone) gravado na RCA Victor - alcançou grande repercussão em todo o Brasil. No lastro de seu amplo sucesso nacional, Palmeira e Piracicabano foram então contratados pelas casas de espetáculo de maior prestígio daquele momento, a Rádio Nacional e o Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, que viviam seu período áureo.

Foi por aquela época que Miguel Lopes Rodrigues, aceitando sugestão do padrinho e amigo Zé da Zilda, abreviou seu pseudônimo para Piraci e a dupla passou a gravar com o nome artístico de Palmeira e Piraci.

Palmeira e PiraciEm 1944, retornando a São Paulo como contratada da Rádio Difusora, a dupla Palmeira e Piraci participou dos programas sertanejos Longe da Cidade e Arraial da Curva Torta, este último conduzido com grande eficiência pelo Capitão Furtado, e passou a gravar pela Continental.

Canções como O Mundo Daqui a Cem Anos, Louvação a São Gonçalo, Sina de Beija-Flor (Palmeira, Piraci e Capitão Furtado), Promessa de Caboclo (Anacleto Rosas Junior), Paraguaia e Pepita de Ouro (Capitão Furtado e Palmeira), entre outras lançadas com o selo da nova gravadora, foram muito bem recebidas pelo público. Em seguida, a convite da Força Expedicionária Brasileira, a dupla voltou ao Rio de Janeiro para cantar na Vila Militar, onde Piraci musicou A Carta do Expedicionário e Palmeira criou a melodia de A Resposta para o Expedicionário, ambas com versos do Capitão Furtado.

Desfazendo-se a dupla Palmeira e Piraci em 1945, os antigos companheiros saíram à procura de parceiros para formar novas duplas. Palmeira juntou-se então ao cantor Luizinho e Piraci reuniu-se a Jorginho. Piraci e Jorginho logo ficaram conhecidos como Os Garimpeiros da Música Sertaneja.

Piraci e Jorginho

Em 1950 Piraci casou-se com Natalina Gornik, falecida em 1992, e em 1951 viu nascer sua única filha, Veranice Gornik Rodrigues, a quem presenteou com a valsa Veranice, gravada por Carlinhos Mafazzoli. Uma outra dupla caipira, Piraci e Guarani, surgiu então naquele período.

Piraci e Guarani

Segundo Teddy Vieira Azevedo eles eram "[... ] os melhores intérpretes do cururu, os `bambas' do cururu [... ] e atingiram os píncaros da glória ao lançar em disco da Continental dois grandes sucessos: o cururu Vencendo Sempre e a moda campeira Casando Fugido, que enriqueceram nosso querido Brasil." A dupla se desfez em 1952, dando lugar a outra parceria: Piraci e Cuiabá, que se manteve unida até 1957.

Piraci e Cuiabá

Em dez anos de carreira Piraci havia participado de três duplas de grande sucesso junto ao público, embora tivessem sido parcerias de curta duração. A partir daquele momento Piraci passou a dedicar-se mais ao humorismo, viajando acompanhado do então desconhecido sanfoneiro Mário Zan. Assumiu também muitas outras atividades, além daquela de que mais gostava: excursionar pelo Brasil afora divulgando a música caipira e o folclore brasileiro em shows pelo interior. Nas animadas rodas de cururu de que participava estava sempre ao lado do estudioso do folclore João Chiarini.

Convidado a dirigir o setor sertanejo da Chantecler, Piraci foi o responsável direto pelo lançamento de discos de cururueiros como Parafuso, Pedro Chiquito, Nho Serra, Moreno e tantos outros, que hoje são nomes importantes na história de nosso folclore.

Também foi Piraci quem lançou duplas como Duo Glacial e Duo Brasil Moreno, além de uma das melhores e até hoje mais bem-sucedidas e duradouras duplas sertanejas do Brasil: Tonico e Tinoco. Em 1958, na Editora Gráfica Souza Ltda., cuidou, junto com Serrinha, da apresentação gráfica da coleção de discos que compunha a série Brasil Ritmos.

Pândegas, Anedotas e Trocadilhos

Piraci continuou viajando com sua trupe, levando seu bom humor e sua experiência de artista consagrado a todos os cantos do Brasil. Em 1967 gravou pela Chantecler o LP Pândegas, Anedotas e Trocadilhos de Piraci, o Rei do Trocadilho, onde reuniu muitos 'causos', trocadilhos e cantigas, entre as quais se destacam: Conselhos Para as Moças (Lourival dos Santos e Moacir Santos), Trocando de Profissão (Piraci e Jorge Paulo) e Moda dos Ofícios (Piraci e Capitão Furtado). Augusto Toscano, então Presidente da União dos Artistas Sertanejos Paulistas, afirmava na contracapa do disco que " [...] falar de alguém que o Brasil inteiro conhece, aplaude e admira ao longo de uma vitoriosa carreira artística, é missão das mais árduas. [...]

Traçar o perfil de Miguel Lopes Rodrigues, uma criatura das mais sérias, responsável pela evolução e pelo prestígio da música sertaneja, é tarefa dificil.[...] Piraci, o Rei dos Trocadilhos. Piraci, o cantor. Piraci, o compositor. Piraci, o humorista. [...] Piraci formou duplas que ainda hoje são lembradas. Suas músicas, ultrapassando a casa das trezentas, continuam sendo cantadas, [...] graças à beleza de suas melodias e à singeleza poética de seus versos. [...] Homem que sempre esteve na trincheira defensiva da música sertaneja e jamais fugiu do campo de luta, onde quer que ela se apresentasse [...]."

Alguns anos mais tarde, em 1970, em noite de moda de viola e saudades do interior em seu apartamento na Avenida São João, em São Paulo, ao lado da família e de amigos violeiros, Piraci compôs, com Lourival dos Santos, seu parceiro original, aquela que ficou conhecida como um dos maiores sucessos de sua carreira: a canção Rio de Lágrimas ou Rio de Piracicaba, uma emocionada homenagem do compositor à sua cidade natal. Imediatamente gravada por Tião Carreiro e Pardinho, a composição obteve ampla aceitação por parte do público, sendo hoje uma das músicas brasileiras que atingiu os mais altos índices de regravação por outros cantores.

Entre os mais de 150 intérpretes de Rio de Lágrimas encontram-se vozes como as de Tonico e Tinoco, Sérgio Reis, Nardeli, Renato Teixeira, Almir Sater, Nenete e Dorinho e muitos outros.

Piraci, o Rei dos Trocadilhos

Piraci foi também sócio fundador da SOCIMPRO e sócio da União Brasileira de Compositores, a UBC, onde prestou grande serviço à profissionalização dos músicos nacionais. Impulsionado por seu interesse em torno do cururu, do cateretê, da moda campeira, da catira e de outras manifestações folclóricas brasileiras, Piraci fundou ainda, junto com Alceu Mainardi, a Revista Brasileira do Folclore, publicação que muito estimulou o reconhecimento desse importante segmento da cultura do país.


Armando Augusto Lopes, no artigo Piraci, uma legenda, escrito para a Revista Sertaneja, assim descreve o compositor: "Piraci figura entre os pioneiros da difusão da música sertaneja na capital.

Piraci, uma legenda

Quando estreou ao lado de Palmeira na Rádio São Paulo, em 1939 [a data correta é 1941], cantar música caipira era uma verdadeira temeridade. Poucas duplas haviam conseguido agradar até então e, via de regra, era necessária a inclusão de boa dose de humorismo nas apresentações e na própria letra das modas para evitar as vaias. Ao lado de Palmeira, Piraci formou uma das primeiras duplas que se arriscaram a contrariar essa norma."

Pouco tempo depois Piraci foi convidado a dirigir o selo da gravadora RCA Candem especializado em música sertaneja e ali continuou apoiando artistas emergentes que mais tarde viriam a se tornar expoentes do mundo musical.

Ao longo de sua carreira Piraci participou de todos os mais importantes programas de rádio do Brasil, entre eles Terra Brasileira e Aqui Está a Record, na Record; Arraial daCurva Torta, apresentado pelo Capitão Furtado, na Cultura; Carlos Ailton, na Paulista e Disque Sertão, na Nacional, na Bandeirante e na Difusora de São Paulo. Foi convidado a cantar na inauguração de rádios da Bahia e do Rio de Janeiro e, além disso, comandou seu próprio programa de rádio, na Rádio e TV Record.

Pertenceu à Associação dos Radialistas do Estado de São Paulo, à União dos Artistas Sertanejos Paulistas, ao Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado de São Paulo, ao Sindicato dos Compositores Musicais do Rio de Janeiro e a muitas outras entidades coletivas. Recebeu também numerosos prêmios, homenagens, menções honrosas e troféus no decorrer de sua intensa e proficua vida profissional. No ano seguinte à sua morte,

Piraci foi homenageado publicamente em sua terra natal, Piracicaba, onde seu nome de batismo, Miguel Lopes Rodrigues, foi perpetuado em uma das ruas da cidade. Seu nome consta da Enciclopédia Brasileira de Música, edição atualizada pela Folha de São Paulo, e do livro de autoria de Rosa Nepomuceno, Música caipira: da roça ao rodeio, ambos editados em 1999.

Atualmente, são realizados trabalhos de pesquisa em torno da obra pioneira de Piraci, com o propósito de resgatar sua memória e de garantir-lhe o merecido destaque na história da música nacional. É importante ressaltar que a obra artística de Piraci - mais de 500 títulos gravados e editados - continua, mesmo depois de sua morte em 1974, sendo alvo de regravações na voz de vários intérpretes da música brasileira, caracterizando não apenas a verdadeira qualidade de seu trabalho artístico mas também a universalidade e a atemporalidade de suas canções.

Para finalizar é preciso ainda registrar a insensibilidade que marcou um recente evento político ocorrido em Piracicaba, durante a homenagem prestada pela Câmara Municipal aos compositores da música-símbolo da cidade, Rio de Lágrimas: a exclusão do nome de Piraci das comemorações. Nada poderia ser mais injusto, pois além de ser o único piracicabano entre os parceiros, o compositor, através de seu pseudônimo, levou o nome de Piracicaba a todos os recantos do país, tendo dedicado à cidade mais de vinte outras composições, como Saudades de Piracicaba (Piraci), Vencendo Sempre (Piraci e Guarani) e Luar de Piracicaba (Piraci e Aldino de Oliveira).

www.piraci.art.br

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Lourenço e Lourival–Biografia

capa

Os irmãos Arlindo Cassol, o Lourenço, e Antônio Cassol, o Lourival nasceram em Ribeirão Preto-SP nos dias 05/05/1939 e 11/09/1942, respectivamente.

Durante a infância, qualquer lata de óleo era logo por eles "adaptada" e "virava uma violinha", a qual eles sonhavam possuir; mas foi somente na década de 1950 que conseguiram um instrumento musical de verdade.

Iniciaram a carreira artística na adolescência com os nomes artísticos "Maurinho e Toninho" cantando na "Rádio 79" de Ribeirão Preto-SP.

Em 1959, Arlindo e Antônio trocaram Ribeirão Preto-SP pela Capital Paulista, onde se apresentaram nas Rádios Cometa, 9 de Julho, América, Capital, Nacional e também na Record, onde apresentaram durante 10 anos o programa "Linha Sertaneja Classe A", às Terças e aos Sábados. Passaram também um período no Rio de Janeiro-RJ onde atuaram na Rádio Mairink Veiga.
O primeiro disco foi gravado em 1962 com as músicas "Meu Regresso" (Tuta - José Russo), e "Amor Derrotado" (Garoa).

Um problema de saúde com Lourival, no entanto, obrigou a dupla a se afastar da carreira musical, a qual foi retomada somente em 1967, quando foram contratados pela gravadora Chantecler, quando eles passaram a realmente se destacar dentre as diversas duplas de sucesso na época.

  Após deixar a Record, Lourenço e Lourival começaram a viajar para fazer seus shows e voltaram a residir em sua Ribeirão Preto natal. A dupla é versátil, canta vários estilos e freqüentemente se apresenta em parques de exposição, festas de peão de boiadeiro e rodeios. E são também conhecidos como "Os Violeiros da Voz de Cristal".

Dentre as diversas músicas gravadas por Lourenço e Lourival, podemos destacar "Trem das Seis" (Luis de Castro - Benedito Seviero), "Meu Reino Encantado" (Vicente P. Machado - Valdemar Reis), "A Sementinha" (Dino Franco - Itapuã), "Minha Infância" (Dino Franco), "O Preço da Mentira" (Tuta - Tota), "As Três Namoradas" (Dino Franco - José Fortuna), "Encanto da Natureza" (Luiz Castro - Tião Carreiro), "Anel de Noivado" (Osvaldo Rieli - Juvenal Fernandes), "Duelo de Amor" (Goiá - Benedito Seviero), "A Enxada e a Caneta" (Capitão Barduíno - Teddy Vieira), "Velha Porteira" (Hélio Alves - Zitinho) (que é a música cujo trecho o Apreciador ouve quando acessa essa página), "A Rainha do Paraná" (Nízio - Braz Hernandes), "Desencoste da Chiquinha" (Cambará), "O Diploma e o Chapéu" (Tião do Carro - Caetano Erba) e "Franguinho na Panela" (Moacyr dos Santos - Paraíso), apenas para citar algumas.

Segundo Lourival, "Como Eu Chorei" (Telmo de Maia), gravada em 1971, foi um marco na carreira da dupla, tendo feito bastante sucesso e vendendo discos até os dias atuais. De acordo com Rosa Nepomuceno, nas páginas 168 e 169 de seu excelente livro "Música Caipira - Da Roça Ao Rodeio", essa música foi "um autêntico iê-iê-iê sertanejo, com bateria, guitarras e contra-baixo com a manutenção do canto em terças, na forma tradicional caipira".

Ainda segundo Rosa Nepomuceno, no mesmo livro, pág. 169, "Os irmãos de Ribeirão Preto inauguraram uma linguagem mais afogueada para falar de amor, trocando os beijos da tímida caboclinha debaixo de pés-de-ipê pelo amor de moças fogosas, em camas macias de motel (...) o recato da roça estava indo por água abaixo...".

Lourenço (à direita) e Lourival (à esquerda) já cantaram ao lado de renomadas duplas tais como Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, Canário e Passarinho, Teodoro e Sampaio e Pedro Bento e Zé da Estrada. Calcula-se que ao longo da carreira a dupla tenha gravado cerca de 45 discos em diversas gravadoras tais como Odeon, Cartaz, Chantecler, Playarte, Tocantins, RGE e Som Livre.

Curiosamente, em 1990, com os nomes "Toshiro e Tanaka", Lourenço e Lourival gravaram um disco humorístico com paródias de sucessos da época como o sucesso de Leandro e Leonardo "Entre Tapas e Beijos" (Nilton Lamas - Antonio Bueno) que com eles passou a se chamar "Carne e Queijo". E gravaram também uma "paródia japonesa" de "Os Três Boiadeiros" (Anacleto Rosas Jr.), à qual deram o "novo título" de "Os Três Boiadeiros Japoneses".

E é com muito bom humor que Lourenço e Lourival continuam "na estrada" fazendo suas apresentações que nos brindam não apenas com suas "vozes de cristal" como também o enfoque satírico que dão ao próprio show e aos títulos das músicas de seu repertório. A quase totalidade das músicas que interpretam eles anunciam com o "nome modificado", como é o caso de "Velha Parteira" ("Velha Porteira" (Hélio Alves - Zitinho)) e "Leitão A Perereca" ("Leitão A Pururuca" (Muniz Teixeira - Lourenço))...


Em seus shows, Lourenço e Lourival também fazem questão de frisar que eles formam "a Dupla Caipira que mais contribui para o programa 'Fome Zero', pois eles têm no repertório músicas como 'Franguinho Na Panela' (Moacyr dos Santos - Paraíso), 'Leitão A Pururuca' (Muniz Teixeira - Lourenço) e 'Só Filé' (Praense - Cassapula)". Na foto acima à esquerda, Lourenço e Lourival numa excelente apresentação que teve lugar na cidade de Pardinho-SP, no dia 11/06/2005, por ocasião do III FESMURP - Festival de Música Sertaneja de Pardinho, quando tive o prazer de conhecer pessoalmente os Violeiros da Voz de Cristal.

E, na foto abaixo, da esquerda prá direita, Lourival, Ricardinho e Lourenço, após a apresentação no III FESMURP, no dia 11/06/2005:

Contato para shows:
(16) 3630-7458

Clique aqui e conheça o Site Oficial da Dupla Lourenço e Lourival, desenvolvido por Eder Carlos S. Sotto e Naylor Garcia, com Biografia da Dupla, Fotos, Discografia, Venda de CD's e Contatos para Shows.

Texto copiado na íntegra do site: www.boamusicaricardinho.com

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Almoço com o Clube da Viola em Tibiriçá

Apresentação em Tibiriça

História da Música Sertaneja

A música Sertaneja surgiu ainda na década de 10. O pioneiro desse movimento foi o jornalista e escritor Cornélio Pires que costumava trazer para os grandes centros os costumes dos caipiras. Desde encenações teatrais à cantores de estilos como o Catira, etc..

Em 1912, Cornélio lançou um livro chamado Musa Caipira, que trazia versos típicos.

No início da década de 20 uma instituição liderada por Mario de Andrade promoveu uma semana para divulgação da arte brasileira, onde pela primeira vez foi montado um grupo intitulado de sertanejo, com instrumentos simples como a viola caipira, misturando alguns ritmos como o Catira, Moda de Viola, Lundu, Cururu, etc... Valorizando ainda mais o trabalho de Cornélio Pires.

O primeiro registro de um grupo de música Sertaneja foi datado de 1924 (A Turma Caipira de Cornélio Pires), formada por violeiros como Mariano, Caçula, Zico Dias, Ferrinho, Mady e Sorocabinha, e alguns outros tão importantes da época.

cornelio_pires_violeiros

Agora o primeiro registro fonográfico do estilo, deu-se em 1929 quando Cornélio Pires desacreditado pela gravadora Columbia resolveu bancar do seu próprio bolso a gravação e edição do primeiro álbum, que em poucos dias de lançamento esgotou-se nas lojas. Começava daí o interesse pelo estilo por parte das gravadoras.

A primeira Música Caipira gravada foi Jorginho do Sertão, de autoria de Cornélio Pires, nas vozes de Mariano e Caçula.

Jorginho do Sertão
Cornélio Pires

O Jorginho do Sertão
Rapazinho de talento
Numa carpa de café
Enjeitô treis casamento

Logo veio o seu patrão
Cheio de contentamento
(tenho treis filhas "sorteira que
Ofereço em casamento)

Logo veio a mais nova
Vestidinho cheio de fita
Jorginho case comigo
Que das treis sô a mais bonita

Logo veio a do meio
Vestidinho cor de prata
Jorginho case comigo
Ou então você me mata

Logo veio a mais véia
Por ser mais interesseira
Jorginho case comigo
Sou a mais trabaiadeira

Jorginho pegou o cavalo
Ensilhô na mesma hora
Foi dizê pra morenada
Adeus que eu já vou me embora

Na hora da despedida,
Ai, ai, ai
É que a morenada chora
Ai, ai, ai

O Jorginho arresorveu
É melhor que eu mesmo suma
Não posso casá cum as treis, ai
Eu num caso cum nenhuma.

Assim como na música Country americana, uma gravadora que se interessou pela geração desse trabalho foi a RCA-Victor que convidou o violeiro Mandy para montar um outro grupo intitulado Turma Caipira da Victor, nascendo uma concorrência sadia entre os dois grupos e as duas gravadoras.

Já com inúmeros adeptos e crescendo a cada ano mais e mais, no final da década de 20 começou a surgir as primeiras duplas como Mariano e Caçula, Zico e Ferrinho, Sorocabinha e Mandy, na maioria violeiros das turmas do Cornélio e da Victor.

Na década de 30 surge, sem dúvida, uma das mais importantes duplas sertanejas de todos os tempos (Alvarenga e Ranchinho) que além de tudo eram muito alegres e engraçados. Uma curiosidade sobre a dupla é que de tanta "descontração" foram presos pelo governo de Getúlio Vargas.

E muitas outras duplas formaram-se, algumas trazendo a tristeza do sertanejo no peito, outras mostrando o lado alegre do caipira, etc...

No ano de 1939 a dupla Raul Torres e Serrinha inovou introduzindo à música sertaneja o Violão.
Mais para frente Raul Torres e Serrinha inovaram novamente criando o primeiro programa de rádio dedicado a música sertaneja, transmitido pela Record com a participação de José Rielli, o programa chamava-se Três Batutas do Sertão.

Surgiram vários nomes importantes da música sertaneja, e o movimento que até então era apenas do eixo São Paulo - Minas Gerais, passou a se expandir por todo o país, nascendo influências regionais como as do Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco estado de Raul Torres, Mato Grosso, etc...

Hoje em dia para qualquer lado que se olhe existe um representante da música sertaneja, que deixou de ser um tributo aos sentimentos do homem do campo para se tornar sinônimo de cifras e grande espetáculos, onde a última coisa que se ouve é o dedilhar de uma viola tocada pelas mãos calejadas da enxada e o puro sentimento ingênuo dos homens e mulheres dessas regiões.

Texto: Tião Camargo

Fonte: http://sertanejo.musicblog.com.br

II Festival Sertanejo do Bairro Mandaguari (Lajeado) Óleo/SP

terça-feira, 3 de abril de 2012

Inezita Barroso no Programa do Silvio Santos em 1994

Sugestão de nosso amigo e Violeiro de Botucatu, Ramiro Viola.

Venha se manifestar contra a privataria da Cultura!

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19836

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Ato acontece no dia 3 de abril, terça-feira, no Sindicato dos Engenheiros de São Paulo. Entidades denunciam desmonte geral da rádio e TV Cultura, defendem retomada de programas extintos, democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, pluralismo, diversidade na programação e uma política transparente e democrática para abertura à programação independente.

As rádios e a TV Cultura de São Paulo se consolidaram historicamente como uma alternativa aos meios de comunicação privados. As rádios AM e FM ficaram conhecidas pela excelente programação de música popular brasileira e de música clássica. A televisão criou alguns dos principais programas de debates de temas nacionais, como o Roda Viva e o Opinião Nacional, e constituiu núcleos de referência na produção de programas infantis e na de musicais, como o Ensaio e o Viola, Minha Viola. As emissoras tornaram-se, apesar dos percalços, um patrimônio da população paulista.

Contudo, nos últimos anos, a TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e privatização, com a degradação de seu caráter público. Esse e outros fatos se destacam:
- mais de mil demissões, entre contratados e prestadores de serviço (PJs);
- extinção de programas (Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Cultura Retrô, Login) e tentativa de extinção do Manos e Minas;
- demissão da equipe do Entrelinhas e extinção do programa, sem garantias de que ele seja quadro fixo do Metrópolis;
- aniquilação das equipes da Rádio Cultura e estrangulamento da equipe de jornalismo;
- enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis;
- entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados, como a Folha de S.Paulo;
- cancelamento de contratos de prestação de serviços (TV Justiça, Assembleia e outros);
- doação da pinacoteca e biblioteca;
- sucateamento da cenografia, da marcenaria, de maquinaria e efeitos, além do setor de transportes.

Pela sua composição e formato de indicação, o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta não tem a independência necessária para defender a Cultura das ações predatórias vindas de sua própria presidência. Mesmo que tivesse, sobre alguns desses pontos o Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta sequer foi consultado.
Não podemos deixar esse patrimônio do povo de São Paulo ser dilapidado, vítima de sucateamento promovido por sucessivas gestões sem compromisso com o interesse público, seriamente agravado na gestão Sayad.

Nesse momento, é preciso afirmar seu caráter público e lutar pelos seguintes pontos:
- Contra o desmonte geral da rádio e TV Cultura e pela retomada dos programas.
- Em defesa do pluralismo e da diversidade na programação.
- Por uma política transparente e democrática para abertura à programação independente, com realização de pitchings e editais.
- Pela democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta

ATO CONTRA A PRIVATARIA DA CULTURA
3 de abril, terça-feira, às 19h
Sindicato dos Engenheiros de São Paulo
Rua Genebra, 25 – Centro (ao lado da Câmara Municipal)

Gilberto Maringoni
Hamilton Octavio de Souza
Ivana Jinkings
Joaquim Palhares – Carta Maior
Laurindo Lalo Leal Filho
Luiz Carlos Azenha – blog Vi o Mundo
Luiz Gonzaga Belluzzo
Renato Rovai – Revista Fórum e Presidente da Altercom
Rodrigo Vianna – blog Escrevinhador
Wagner Nabuco – Revista Caros Amigos
Emir Sader
Flávio Aguiar
Altercom - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
CUT – Central Única dos Trabalhadores
Frente Paulista pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

A CULTURA CAIPIRA

Por Antônio Cândido
Ensaista e Crítico literário emérito

O artigo foi extraído da Revista “Viola & Violeiros”, ano 1, número 1.
Hospedado na Wideplanet Internet
Fone (19) 3451-6300

É preciso pensar no caipira
como um homem que manteve
a herança portuguesa nas
suas antigas formas

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A cultura caipira não é e nunca foi um reino separado, uma espécie de cultura primitiva independente, como a dos índios. Ela representa a adaptação do colonizador ao Brasil e portanto, veio na maior parte de fora, sendo sob diversos aspectos sobrevivência do modo de ser, pensar e agir do português antigo.

Quando um caipira diz “pregunta”, “a mó que”, “despois”, “vassuncê”, “tchão (chão)”, “dgente (gente)” não está estragando por ignorância a língua portuguesa; mas apenas conservando antigos modos de falar que se transformaram na mãe-pátria e aqui.

Até o famoso “erre retroflexo”, o “erre de Itur” ou “Tieter”, que se pensou devido a influência do índio, viu-se depois que pode ter vindo de certas regiões de Portugal. Como veio o desafio, a fogueira de São João, o compadrio, a dança de São Gonçalo, a Festa do Divino, a maioria das crendices, esconjuros, hábitos e concepções.

É preciso pensar no caipira como um homem que manteve a herança portuguesa nas suas formas antigas. Mas é preciso também pensar na transformação que ele sofreu aqui, fazendo do velho homem rural brasileiro o que ele é. “Tabareu”, “matuto”, “capiau”, “caipira”, o que mais haja, ele é produto e ao mesmo tempo agente muito ativo de um grande processo de diferenciação cultural própria. Na extensa gama dos tipos sertanejos brasileiros , poderia ser considerado “caipira” o rural tradicional do sudoeste e porções do oeste, fruto de uma adaptação da herança fortemente misturada com a indígena, às condições físicas e sociais do Novo-Mundo.

Nessa linha de formação social e cultural, o caipira se define como um homem rústico de evolução muito lenta, tendo por fórmula de equilíbrio a fusão intensa da cultura portuguêsa com a aborígene e conservando a fala, os usos, as técnicas, os cantos, as lendas que a cultura da cidade ia destruindo, alterando essencialmente ou caricaturando.

Em compensação, no quadro de sua cultura o caipira pode ser extraordinário. É capaz, por exemplo, de sentir e conhecer a fundo o mundo natural, usando-o com uma sabedoria e eficácia que nenhum de nós possui.

O nosso caipira, do ancestral português herdou com a língua e a religião a maioria dos costumes e crenças; do ancestral índio herdou a familiaridade com o mato, o faro na caça, a arte das ervas, o ritmo do bate-pé (que noutros lugares chama-se cateretê ou clique aqui), a caudalosa eloquência do cururu.

O cururu e a dança da Santa Cruz são dois exemplos muito bons de encontro de culturas. Parece terem sido elaborados sob influência dos jesuítas, que aproveitaram as danças indígenas e o gosto do Índio pelo discurso e o desafio para enxertar a doutrina cristã. Nada mais caipira que o cururu e a dança de Santa Cruz, que só existem em áreas de forte impregnação originária dos antigos piratininganos. E nada mais misturado de elementos portugueses e indígenas como tanta coisa que observamos nas catiras, nas histórias, nas técnicas do homem rural pobre e isolado de velha origem paulista. Na primeira metade do século, o caipira ainda era espoliado e miserável na maioria dos casos, porque com a passar do tempo e do progresso, quem permaneceu caipira foi a parte da velha população rural sujeita às formas mais drásticas de expropriação econômica, confinada, e quase compelida a ser o que fôra, quando a lei do mundo a levaria a querer uma vida mais aberta e farta, teoricamente possível.

Foi então que o caipira se tornou cada vez mais espetáculo, assunto de curiosidade e divertimento do homem da cidade, que, instalado na sua civilização e querendo ressaltar este “previlégio”, usava aquele irmão para provar como ele tinha prosperado.

A tarefa, portanto, é procurar o que há nele de autêntico. Autêntico, não tanto no sentido do impossível do originalmente puro, porque em arte tudo está mudando sempre; mas no sentido de buscar os produtos que representam o modo de ser e a técnica poético-musical do caipira como ele foi e como ainda é, não como querem que ele seja.

Danças Folclóricas – Sudeste

Retirado de: http://poemia.wordpress.com/2008/08/20/dancas-folcloricas-sudeste/

DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS

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Entende-se por Danças Folclóricas as expressões populares desenvolvidas em conjunto ou individualmente, frequentemente sem sazonalidade obrigatória. Tudo indica que é na coreografia que reside seu elemento definidor. Existe grande número delas no Brasil. Para a organização do inventário que se segue, foi necessária uma seleção, aqui definida pelos critérios de abrangência nacional e por algumas particularidades, regionais e/ou locais.

Região Sudeste

· Batuque (SP, MG, ES) - dança de terreiro com dançadores de ambos os sexos, organizados em duas fileiras – uma de homens e outra de mulheres. A coreografia apresenta passos com nomes específicos: “visagens” ou “mica-micagens”, “peão parado” ou “corrupio”, “garranchê”, “vênia”, “leva-e-traz” ou “cã-cã”. São executados com os pares soltos que, saindo das fileiras, circulam livremente pelo terreiro. O elemento essencial em toda a coreografia é a umbigada, chamada “batida”: os dançadores dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços e, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o tronco para trás e dão vigorosa batida com os ventres. Os instrumentos musicais são todos de percussão: Tambu, Quinjengue, Matraca e Guaiá ou chocalho.

· Cana-verde (toda a região) - também chamada Caninha-verde, esta dança apresenta variantes no que se refere à cantoria, à coreografia, à poética e à música. No Rio de Janeiro, é uma das “miudezas” da Ciranda e uma dança com bastões. Algumas recebem nomes variados; como Cana-verde de passagem (MG e SP), Cana-verde simples (SP). A disposição dos dançadores varia entre círculo sem solista, fileiras opostas, rodas concêntricas; os movimentos podem ser deslize dos pés, sapateios leves ou pesados, balanceios, gingados, troca de pares. O movimento tido como característico é a “meiavolta”, desenvolvida num círculo que se arma e se desfaz com os dançadores deslizando, ora para dentro ora para fora, ora em desencontro, ora em retorno à posição inicial.

· Catira ou Cateretê (MG, SP) – é executada exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade de uma delas fica o violeiro que tem à sua frente o seu “segunda”, isto é, outro violeiro ou cantador que o acompanha na cantoria. O início é dado pelo violeiro que toca o “rasqueado”, para os dançadores fazerem a “escova”- batepé, bate-mão, pulos. Prossegue com os cantadores iniciando uma moda de viola. Os músicos interrompem a cantoria e repetem o rasqueado. Os dançadores reproduzem o bate-pé, o bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda e as batidas de pé e mão. Acabada a moda, os catireiros fazem uma roda e giram batendo os pés alternados com as mãos: é a figuração da “serra acima”; fazem meia-volta e repetem o sapateiro e as palmas para o “serra abaixo”, terminando com os dança-dores nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com Recortado: as fileiras trocam de lugar, fazem meio-volta e retornam ao ponto inicial. Neste momento todos cantam o “levante”, que varia de grupo para grupo. No encerramento do Recortado os catireiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos.

· Caxambu (MG, RJ) – dança de terreiro executada por homens e mulheres postos em roda sem preocupação de formar pares. No centro, fica o solista, “puxando” os cantos e improvisando movimentos constituídos de saltos, volteios, passos miúdos, balanceios. Os instrumentos acompanhantes são dois tambores, feitos de tronco de árvore, cavalos a fogo e recobertos com couro de boi. São denominados Tambu ou Caxambu e Candongueiro. Às vezes aparece uma grande cuíca, feita de tonel de vinho ou cachaça. É chamada Angoma-puíta. As músicas, denominadas “pontos”, são tiradas pelo dançador-solista e respondidas pelo coro dos participantes. O canto inicia com pedidos de licença aos velhos caxambuzeiros desaparecidos e depois se mesclam de simbolismo e enigmas intrincados. Atualmente observa-se um sincretismo com a Umbanda, perceptível na indumentária e nos
adereços usados pelos participantes.

· Ciranda (RJ) – No Rio de Janeiro o termo ciranda pode significar tanto uma dança específica quanto uma série de danças de salão, que obedecem a um esquema: Abertura, Miudezas e Encerramento. Enquanto dança, faz parte das miudezas da Ciranda, baile. A Ciranda-baile, também denominada Chiba, tem na Chiba-cateretê a que faz a abertura da série; as Miudezas são um conjunto de variadas danças com nomes e coreografias diversos; Cana-verde de mão, Cana-verde valsada, Caranguejo, Arara, Flor-do-mar, Canoa, Limão, Chapéu, Choradinha, Mariquita, Ciranda, Namorador, Zombador. O Encerramento é feito com a Tonta, também chamada Barra-do-dia. As músicas são na forma solo-coro, tiradas pelo mestre em quadras tradicionais e circunstanciais, respondidas pelas vozes dos dançadores. O acompanhamento musical é feito por viola, violão, cavaquinho e adufes. Na Chiba-cateretê o conjunto musical é composto ainda do Mancado: um caixote percutido com tamancos de madeira.

· Dança de S. Gonçalo (MG, SP) – para sua execução os dançadores se organizam em duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres, organizados diante de um altar do santo. Cada fileira é encabeçada por dois violeiros – mestre e contramestre – que dirigem todo o rito. A dança é dividida em partes chamadas “volta”, cujo número varia entre 5, 7, 9 e 21. As “voltas” são desenvolvidas com os violeiros cantando, a duas vozes, loas a São Gonçalo, enquanto os dançadores, sapateando na fileira em ritmo sincopado, dirigem-se em dupla até o altar, beijam o santo, fazem genuflexão e saem sem dar as costas para o altar, ocupando os últimos lugares de suas fileiras. Cada volta pode demorar de 40 minutos a 2 ou 3 horas, dependendo do número de dançadores. Na última “volta”- em São Paulo chamada “Cajuru”- forma-se uma roda onde o promesseiro dança carregando imagem do santo, retirada do altar. Em Minas Gerais, no Vale do São Francisco, a dança é desenvolvida por dez ou doze pares de moças, todas vestidas de branco. Cada uma delas leva um grande arco de arame recoberto de papel de seda branco franjado, com quais fazem figurações coreográficas.

· Dança do Tamanduá (ES) - organizada em roda de homens e mulheres, um solista ao centro vai executando movimentos determinados pela letra da cantoria: pondo a mão na cabeça ou na cintura, batendo com o pé no chão, pulando para lá e para cá, mexendo com as cadeiras etc. As músicas são na forma solo-coro, o que permite improvisação nas ordens musicais cantadas pelo puxador.

· Fandango (SP) - neste Estado há duas modalidades de Fandango: o do interior e o do litoral. O primeiro revela influências do tropeiro paulista. Dançam somente homens, em número par. Vestem-se com roupas comuns, chapéus, lenço ao pescoço, botas com chilenas de duas rosetas, sem os dentes. Estas chilenas, batidas no chão, funcionam como instrumento de percussão no acompanhamento das “marcas”, como Quebra-chifre. Pega na bota, Vira Corpo, Pula sela, Mandadinho, dentre outras. A música é a moda de viola comum. O palmeado e o castanholar de dedos estão presentes no início e entre as “marcas”. O Fandango do litoral compreende uma série de danças de pares mistos, tais como: Dão-dão, Dão-dãozinho, Graciana, Tiraninha, Rica senhora, Pica-pau, Morro-seco, Chimarrita, Querumana, Enfiado, Manjericão, etc. Cada “marca” apresenta coreografia própria, assim como são também particulares a linha melódica e o texto poético.

· Jongo (MG, SP) – dança de negros organizados em roda mista, alternando-se homens e mulheres. No centro um solista, um jongueiro, que canta sua canção, o “ponto”. Os demais respondem em coro, fazendo movimentos laterais e batendo palmas, nos lugares. O solista improvisa passos movimentando todo o corpo. O instrumental é composto por dois tambores – um grande, o Tambu, e um menor, o Candongueiro; uma Puita – cuíca, artesanal; um chocalho – o Guaiá, feito de folha-se-flandres. As melodias são construídas com o uso de poucos sons. A dificuldade reside no texto literário dos “pontos”, pois são todos enigmáticos, metafóricos. Quando o solista quer desafiar alguém, canta o “ponto da demanda”; este deverá decifrá-lo, cantando a resposta: diz-se então que “desatou o ponto”. Se não for decifrado, diz-se que “ficou amarrado”. Neste caso, o jongueiro “amarrado” pode passar por várias situações humilhantes e vexatórias, como cair no chão e não conseguir se levantar, não conseguir andar, etc.

· Mineiro-pau (MG, RJ) - dança executada por homens, adultos e crianças, cada um levando um ou dois bastões de madeira. Desenvolvida em círculo ou em fileiras que se defrontam, os dançarinos, voltados de frente para o seu par, realizam uma coreografia totalmente marcada pelas batidas dos bastões no chão. Sempre em compasso quaternário, o tempo forte musical é marcado com batida dos bastões no chão. A variedade na forma de bater os restantes três tempos é que dá nomes específicos às partes: “Batida de três”, “Batida de quatro”, “Batida cruzada”, “Batida no alto”, “Batida embaixo” etc. Muitos grupos têm como parte integrante o Boi Pintadinho (RJ) ou o Boi-lé (MG), com seus principais personagens: a Mulinha, o Jaguará, o Boi, os Cabeções.

· Quadrilha (todos os Estados) - própria dos festejos juninos, a Quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil foi introduzida como dança de salão que, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des Chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo.

Retirado de: http://poemia.wordpress.com/2008/08/20/dancas-folcloricas-sudeste/

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro: Ed. Melhoramentos, 1976, 4ª
ed.
DANTAS, Beatriz Góes. A Dança de São Gonçalo – Cadernos de Folclore nº 9. Rio de Janeiro: Funarte/MEC,
1976.
FERRETTI, Sérgio F. (Coord.). A Dança de Lelê. São Luis: Fund. Cultural do Maranhão, 1977.
FRADE, Cáscia. Folclore Brasileiro – Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.
____________. (Coord.). Cantos do Folclore Fluminense. Rio de Janeiro: Presença Ed., 1986.
LACERDA, Regina. Folclore Brasileiro – Goiás. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
MARTINS, Saul. Folclore Brasileiro – Minas Gerais. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1982.
MELLO, Veríssimo de. Folclore Brasileiro – Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
MENDES, Noé. Folclore Brasileiro – Piauí. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
MONTEIRO, Mário Ypiranga. Livronal. Manaus: Jorge Tufic Ed., sem data.
NEVES, Guilherme Santos. Folflore Brasileiro – Espírito Santo. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1978.
ROCHA, José Maria Tenório. Folclore Brasileiro – Alagoas.Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.
RODERJAN, Rosely V. R. Folclore Brasileiro – Paraná. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1981.
SERRAINE, Florival. Folclore Brasileiro – Ceará. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1978.
SOARES, Doralécio. Folclore Brasileiro – Santa Catarina. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.
VALENTE, Valdemar. Folclore Brasileiro – Pernambuco. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1979.
VIANNA, Hildegardes. Folclore Brasileiro – Bahia. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1981.
VIEIRA FILHO, Domingos. Folclore Brasileiro – Maranhão. Rio de Janeiro: Funarte/MEC, 1977.

domingo, 1 de abril de 2012

100 Anos de Mazzaropi

Amácio Mazzaropi (São Paulo, 9 de abril de 1912

Taubaté, 13 de junho de 1981)

Mazzaropi_Filho de Bernardo Mazzaroppi, imigrante italiano e Clara Ferreira, portuguesa, com apenas dois anos de idade sua família muda-se para Taubaté, no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passa longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, às quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi.

Em 1919, sua família volta à capital e Mazzaropi ingressa no curso primário do Colégio Amadeu Amaral, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, tornando-se o centro das atenções nas festas escolares. Em 1922 morre o avô paterno e a família muda-se novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar. Mazzaropi continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domenico Mazzaroppi em Curitiba, onde trabalha na loja de tecidos da família.

Já com quatorze anos, em 1926, regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entra na caravana do Circo La Paz. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi conta anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação. Sem poder se manter sozinho, em 1929 Mazzaropi volta a Taubaté com os pais, onde começa a trabalhar como tecelão, mas não consegue se manter longe dos palcos e atua numa escola do bairro.

O teatro, o rádio e a televisão

Com a Revolução Constitucionalista de 1932 segue-se uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada A herança do Padre João. Já em 1935, consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. Até 1945, a Troupe Mazzoropi percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia.

Com a morte da avó materna, Dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro e, em 8 de novembro de 1944, falece Bernardo Mazzaroppi.

Dias após a morte de seu pai, estreia no Teatro Oberdan ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça Filho de sapateiro, sapateiro deve ser, acolhida com entusiasmo pelo público.

Em 1946, convidado por Dermival Costa Lima da Rádio Tupi, estreia o programa dominical Rancho Alegre, encenado ao vivo no auditório da rádio no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Em 1950, este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Restiffe e Geny Prado. Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar Valsa, MPB e Seresta com os seus amigos.

O cinema

Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado Sai da Frente, em 1952, rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, onde filmaria mais duas películas. Com as dificuldades financeiras da Vera Cruz, Mazzaropi faz, até 1958, mais cinco filmes por diversas produtoras.

Naquele mesmo ano, vende sua casa e cria a PAM Filmes (Produções Amácio Mazzaropi). O primeiro filme da nova produtora é Chofer de Praça, que agora passa não só a produzir, mas distribuir as películas em todo o Brasil. Em 1959 é convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o famoso Boni, na época da TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica no ar até 1962. Neste mesmo ano começa a produzir um de seus filmes mais famosos, o Jeca Tatu, que vai aos cinemas no ano seguinte.

Em 1961, Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produzirá seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, que também será o primeiro filme veiculado na televisão pela Excelsior e a ganhar prêmios para melhor ator coadjuvante, Genésio Arruda, e melhor canção.

Cinco anos mais tarde, lança o filme O Corintiano, recorde de bilheteria do cinema nacional. Em 1972 é recebido pelo então presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Em 1974, roda Portugal, minha saudade, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal.

No ano seguinte, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes até 1979.

Seu 33º filme, Maria Tomba Homem, nunca seria terminado. Depois de 26 dias internado, Mazzaropi morre vítima de um câncer na medula óssea aos 69 anos de idade no hospital Albert Einstein de São Paulo. É enterrado na cidade de Pindamonhangaba, no mesmo cemitério onde seu pai já repousava. Nunca se casou, mas deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi.

Em 1994 é inaugurado o Museu Mazzaropi, localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos maiores nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros. Foi somente na década de 1990 que a cultura brasileira começou a ver de uma outra óptica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade.

FILMOGRAFIA

  1. Sai da frente (1952)
  2. Nadando em dinheiro (1952)
  3. Candinho (1954)
  4. A carrocinha (1955)
  5. Fuzileiro do Amor (1956)
  6. O Gato de Madame (1956)
  7. Chico Fumaça (1956)
  8. O Noivo da Girafa (1957)
  9. Chofer de Praça (1958)
  10. Jeca Tatu (1959)
  11. As Aventuras de Pedro Malazartes (1959)
  12. Zé do Periquito (1960)
  13. Tristeza do Jeca (1961)
  14. O Vendedor de Linguiça (1961)
  15. Casinha Pequenina (1962)
  16. O Lamparina (1963)
  17. Meu Japão Brasileiro (1964)
  18. O Puritano da Rua Augusta (1965)
  19. O Corintiano (1966)
  20. O Jeca e a Freira (1967)
  21. No Paraíso das Solteironas (1969)
  22. Uma pistola para Djeca (1969)
  23. Betão Ronca Ferro (1971)
  24. O Grande Xerife (1972)
  25. Um Caipira em Bariloche (1973)
  26. Portugal... Minha Saudade (1974)
  27. O Jeca Macumbeiro (1975)
  28. Jeca contra o Capeta (1976)
  29. Jecão, um Fofoqueiro no Céu (1977)
  30. O Jeca e seu filho preto (1978)
  31. A Banda das Velhas Virgens (1979)
  32. O Jeca e a égua milagrosa (1980)
  33. Maria Tomba Homem (não concluído)

A partir de Chofer de Praça, em 1959, além de ser o protagonista, Mazzaropi também acumula as funções de produtor e roteirista, colaborando frequentemente com os diretores. Recentemente, foi lançada em DVD uma coleção de 22 de seus filmes em sete volumes. Alguns dos filmes tinham no título o nome "Jeca" mesmo ele tendo interpretado esse personagem apenas no filme Jeca Tatu.

HOMENGAENS

Desde a década de 80 a cidade de São Paulo possui equipamentos culturais com filosofia descentralizada com o objetivo de formar profissionais da arte e da cultura (ou reforçar a sua formação). A Oficina Cultural que homenageia Amácio Mazzaropi foi criada em agosto de 1990 e está instalada num edifício quase centenário (1912), construído especialmente para abrigar a segunda mais antiga Escola Normal de São Paulo, a Escola Padre Anchieta. O Condephaat tombou o prédio em 1988. Trata-se de um centro fomentador da cultura brasileira, responsável em trabalhar o resgate da cultura popular e o intercâmbio entre artistas com atividades nas diversas expressões artísticas. O objetivo é integrar artistas amadores e profissionais, formar públicos e ampliar sua atuação para bairros como o Brás, o Pari, o Belém e a Mooca.

Outra homenagem significativa é o filme longa-metragem Tapete Vermelho. Trata-se de um caipira (vivido por Matheus Nachtergaele) que resolve mostrar ao filho quem era Mazzaropi. No caminho até o cinema que exibe um filme do comediante, pai e filho se envolvem com violeiros que venderam a alma ao diabo, mandingas, o Movimento dos Sem-Terra, vigaristas que lhes roubam a mula, caminhoneiros e um milagre em Aparecida. Experiências que vão render a ambos uma grande lição sobre direitos humanos. A homenagem não pára no argumento do filme (que tem direção de Luiz Alberto Pereira): o ator Matheus Nachtergaele compõe um tipo com o mesmo andar e a mesma voz do ídolo.

REFERÊNCIAS:

Museu Mazzaropi

Mazzaropi Quadro a Quadro

Instituto Elpídio dos Santos

Site Adoro Cinema Brasileiro - Veja fotos do artista