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JOSÉ FORTUNA nasceu na cidade de Itápolis, Estado de São Paulo, no dia 02 de outubro de 1923.
Compôs sua primeira música no dia 26 de setembro de 1942, mas desde cedo, ainda criança, em suas andanças com o pai pela lavoura, já escrevia versos com pedaços de madeira, no chão de terra por onde caminhava. Sua primeira música gravada foi a “Moda das Flores”, no dia 04 de abril de 1944, por Tôrres e Florêncio, e desde então nunca mais parou. Nos próximos quarenta anos ele comporia e gravaria perto de duas mil músicas, algumas com mais de cinquenta regravações.
Um de seus maiores sucessos foi a versão da guarânia “ÍNDIA”, composta há sessenta anos, do outro lado de “MEU PRIMEIRO AMOR”, também versão de José Fortuna, gravados originalmente por Cascatinha e Inhana, no ano de 1952, músicas que chegaram a vender na ocasião mais de um milhão de cópias. Estas duas composições foram regravadas por dezenas de duplas sertanejas, como também por intérpretes da música popular brasileira, como por exemplo: Agnaldo Timóteo, Ângela Maria, Nara Leão, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, que regravou “ÍNDIA”, nome dado a um de seus shows no Canecão-Rio de Janeiro. Recentemente a obra foi tema da novela global “ALMA GÊMEA”, de Walcir Carrasco, na interpretação de ROBERTO CARLOS.
“Meu Primeiro Amor”, a versão para “LEJANIA”, composta no mesmo ano para o outro lado de “INDIA”, e também muito regravada, foi relançada nos últimos anos pelos intérpretes Joana e Fagner. Uma curiosidade é que “ÍNDIA”, foi a responsável pela introdução da guarânia como estilo musical no Brasil, posto que até então tal gênero musical era desconhecido por aqui, não possuindo mercado propício para a sua expansão, e assim sendo, após o enorme sucesso gravado por Cascatinha e Inhana, intensificou-se o intercâmbio cultural entre Brasil e Paraguai. Estas duas guarânias, bem como outras de autoria de José Fortuna, tais como: ANAHY, SOLIDÃO, MINHA TERRA DISTANTE, VAI COM DEUS, etc... geraram inúmeras regravações, inclusive no exterior.
Entretanto, José Fortuna não foi na sua essência, um compositor de guarânias somente, mas sim de uma grande versatilidade de estilos musicais. Outros de seus grandes sucessos foram as músicas: LEMBRANÇA, PAINEIRA VELHA, BERRANTE DE OURO, CHEIRO DE RELVA, TERRA TOMBADA, O SELO DE SANGUE, ROSTO MOLHADO, VINTE E QUATRO HORAS DE AMOR, ESTEIO DE AROEIRA, A MÃO DO TEMPO, O IPÊ E O PRISIONEIRO, O VAI E VEM DO CARREIRO, etc...todas com várias regravações.
Durante todo este tempo, e paralelamente às suas atividades como compositor, José Fortuna mantêve um trio, do qual pertencia também seu irmão Euclides Fortuna, o “Pitangueira”, formando com Zé do Fóle o Trio “OS MARACANÃS”. Eles gravaram mais de quarenta LPs e dezenas de discos ainda em 78 rotações, como também muitos compactos com músicas de José Fortuna. Apresentaram-se em todas as emissoras da Capital e do interior. Curiosamente foi o Trio que inaugurou o canal 5, hoje Rede Globo de Televisão, no ano de 1950.
Além de compositor, José Fortuna foi também autor e escritor de 42 peças de teatro, tais como “O PUNHAL DA VINGANÇA”, “O SELO DE SANGUE”, “VOZ DE CRIANÇA”, “LENDA DA VALSA DOS NOIVOS”, “CRIME DE AMOR”, “OS VALENTES TAMBÉM AMAM”, “CORAÇÃO DE HOMEM”, etc... percorrendo por conseguinte todo o Brasil, e algumas cidades da América do Sul, com sua Companhia Teatral Maracanã. Além de escritor, atuava também como ator de destaque em todas as suas criações teatrais, e sua Companhia Teatral acabou por receber inúmeros prêmios e troféus, tornando-se assim conhecidos dentro do universo da música sertaneja como “OS REIS DO TEATRO”.
Em meio a todas essas atividades, publicou também 40 livretos com as letras de suas obras musicais e dezenas de estórias completas, todas em verso - Literatura de Cordel.
Após o encerramento das atividades com sua Companhia Teatral, por volta de 1975, passa então a se dedicar com maior afinco à composição. É a época dos grandes Festivais de Música Sertaneja promovidos pela Rádio Record, em que ele começa a trabalhar em parceria com Carlos Cezar. Participa então seguidamente de mais de 20 Festivais, obtendo sempre as primeiras colocações, principalmente na Capital, onde nos anos de 1979, 1980 e 1981 venceu-os consecutivamente. Em um deles, no ano de 1979, obtém os três primeiros lugares com as músicas: “Riozinho”(1º lugar), “Berrante de Ouro”(2º lugar) e “Brasil Viola”(3º lugar).
“Berrante de Ouro”, por exemplo já tem mais de setenta regravações. Isto tudo ocorreu em meio a Festivais onde participavam mais de 13.600 concorrentes, durante um período de seis meses, com eliminatórias em todas as Capitais e grandes cidades brasileiras.
Em 1981, também no Festival da Rádio Record, concorrendo com mais de dez mil composições, obtêve o primeiro lugar com a música “O VAI E VEM DO CARREIRO”, além de ganhar, juntamente com Carlos Cezar, os troféus de melhor letra, melodia, orquestração, interpretação e arranjo.
Ainda em 1979, a Secretaria do Trabalho do Estado de São Paulo, oficializou “O Hino do Trabalhador Brasileiro”, de José Fortuna e Carlos Cezar.
No âmbito da música sertaneja pode-se afirmar que não há um intérprete que não tenha gravado obras de José Fortuna, desde Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, João Paulo e Daniel, Milionário e José Rico, Tião Carreiro e Pardinho, Tonico e Tinoco(estes inclusive gravaram um LP com doze faixas só com obras de José Fortuna, homenageando o compositor), Sérgio Reis, Roberta Miranda, Cezar e Paulinho, Mococa e Paraíso, enfim, todos os intérpretes do gênero sertanejo, têm com certeza em seu repertório passado ou recente, obras musicais de José Fortuna.
Um fato curioso acontecido em sua vida, foi quando da inauguração da cidade de Brasília, ocasião em que José Fortuna têve o prazer de receber das mãos do então Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira, um cartão de congratulações e mérito por sua composição “SOB O CÉU DE BRASÍLIA”, tida como o Hino Inaugural de Brasília.
O Rádio também foi outra de suas grandes paixões. Foi radialista durante toda a sua vida artística, e apresentou o Programa José Fortuna em quase todas as Rádios da Capital: Tupi, Piratininga, Gazeta, Jornal, Record, Nove de Julho, São Paulo, Cometa, Nacional, Difusora, Globo, Morada do Sol, etc...
Ao longo de sua vida, têve o prazer de receber inúmeros troféus, títulos e congratulações, destacando-se dentre estes: o título de Cidadão Osasquense, o Cartão de Prata e a Medalha Anchieta por iniciativa da Câmara Municipal do Estado de São Paulo, o Título de Cidadão Paulistano, também por iniciativa da Câmara Municipal, a Sala José Fortuna no Museu de sua Cidade Natal Itápolis, bem como a Avenida José Fortuna, naquela mesma cidade, inaugurada por ele apenas vinte dias antes do seu falecimento.
Outras cidades que o homenagearam, dando o seu nome à algumas praças e ruas são: São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, Guarulhos, São Paulo ( São Miguel Paulista), Osasco, Blumenau (Santa Catarina), São Carlos, Mogi das Cruzes, Mogi-Mirim, etc...
José Fortuna faleceu no dia 10 de novembro de 1983, em sua casa, na cidade de São Paulo, do mal de Chagas que o acompanhou durante toda a sua vida, deixando sua esposa Durvalina e suas duas filhas Iara e Marlene.
Deixou inéditas perto de novecentas obras musicais, que foram sendo musicadas e gravadas por seus diversos parceiros, dentre estes destacando-se com maior afinco Paraíso, co-autor juntamente com José Fortuna de inúmeras obras musicais, tais como: O IPÊ E O PRISIONEIRO, AVENIDA BOIADEIRA, ATALHO, RAÍZES DO AMOR,... sendo também o responsável pela administração de todo o repertório atual de José Fortuna.
O compositor está sepultado no Cemitério do Morumbi, na Capital, e em sua campa há uma estrofe de um poema seu musicado, que se intitula “O SILÊNCIO DO BERRANTEIRO”:
“AQUI ESTOU MEUS VELHOS COMPANHEIROS
OLHEM PRA CIMA, PRA ME VER PASSANDO
EM MEU CAVALO, RAIO DE LUAR
PELO ESTRADÃO DE ESTRELAS GALOPANDO
O MEU BERRANTE HOJE SÃO TROMBETAS
QUE OS ANJOS TOCAM CHAMANDO A BOIADA
DE NUVENS BRANCAS NO SERTÃO DO ESPAÇO
VINDO AO CURRAL AZUL DA MADRUGADA”.
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